Piranhas-AL

No início de Novembro de 2013, viajamos de carro para o município de Piranhas, no sertão alagoano. Já havíamos ouvido falar bem da cidade, mas fomos surpreendidos! É uma cidade charmosa, cheia de história (faz parte da Rota do Cangaço e recebeu visita do Imperador D. Pedro II), com um povo simpático, que sabe receber bem o turista, e ainda por cima fica às margens do Velho Chico, que segue cortando as serras e cânions formando uma bela paisagem.

Gruta do Talhado - Cânions de Xingó

Saímos de Recife e seguimos de carro pela via litorânea, passando por Maragogi, Maceió e Arapiraca (aprox. 530 km). A estrada é boa, mas há muito trânsito quando cruza Maceió. Uma outra opção é ir pelo interior de Pernambuco, passando por Caruaru, Garanhuns, Águas Belas, Carié, Delmiro Gouveia e Olho D´Água do Casado,  cerca de 450km. Para quem sai de Maceió, são 280km; e de Aracaju cerca de 200km.

Chegamos na cidade por volta das 18:30h, e seguimos direto para o Hotel Pedra do Sino, que fica em frente ao Mirante Secular, onde também está localizado o Restaurante e Artesanato Flor de Cactus. Ficamos hospedados 3 noites (de segunda a quinta-feira). Como chegamos um pouco tarde, e estávamos cansados da viagem, jantamos no próprio Hotel, mas aproveitamos para apreciar a cidade iluminada vista do mirante.

Cidade iluminada vista do Mirante Secular

Gostamos muito da hospedagem. Os donos são muito simpáticos, prestativos, e também fazem o agendamento dos passeios. O hotel dispõe de alguns quartos com vista para o Rio São Francisco, que, definitivamente, é a melhor opção. O café da manhã pode ser servido num deck com vista para o Rio São Francisco e os cânions. Paisagem simplesmente fantástica. Uma dica valiosa é ver o nascer do sol. Lindo!

Nascer do sol - vista do quarto do Hotel Pedra do Sino

Vista do quarto do Hotel Pedra do Sino

Deck do café da manhã do Hotel Pedra do Sino

O acesso para o centro histórico para quem está hospedado no Hotel Pedra do Sino pode ser feito através das escadas do Mirante Secular - o problema é a coragem para subir os 387 degraus depois! – ou de carro pela estrada, que fica a poucos minutos do centro. A região é muito bem servida de pousadas, que se concentram no centro histórico, como por exemplo, Pousadas Lampião, Maria Bonita, Lírio do Vale, São Francisco, Trilha do Velho Chico, Água Branca, D’Lia, Flats do Pedro, entre outras. Na cidade vizinha, Canindé de São Francisco-SE, fica o Xingó Parque Hotel, com excelentes instalações.

Na terça-feira, após o café da manhã, fomos caminhar pelo charmoso centro histórico de Piranhas, preservado e tombado pelo IPHAN. Descemos a escadaria do Mirante Secular (assim chamado, pois foi uma homenagem "do povo do século XIX ao povo do século XX") e nos deparamos com ruas bem organizadas, limpas, e casinhas coloridas no estilo colonial, que dão um charme especial à cidade. 

Centro Histórico visto da escadaria do Mirante Secular

Centro Histórico de Piranhas - casario colonial 

Passamos pela Torre do Relógio, onde funciona um café; visitamos a Casa do Patrimônio, logo ao lado, onde é possível conhecer a história da navegação do Rio São Francisco, as embarcações utilizadas na época, e a história da modernização da cidade no século XIX com a passagem do Imperador D. Pedro II e a construção da ferrovia na região (entrada gratuita); tiramos foto na Maria Fumaça e, logo em seguida, na estátua de Altemar Dutra, cantor que nasceu em Minas Gerais, mas adotou a cidade de Piranhas como seu refúgio tornando-se, inclusive, cidadão piranhense. 

Casa do Patrimônio e Torre do Relógio 

Maria Fumaça

Estátua de Altemar Dutra

Em seguida, descemos as escadas que dão acesso à prainha, onde contemplamos uma bela paisagem do Rio São Francisco. Há salva-vidas na área, e uma corda delimitando até onde é possível tomar banho. Na pequena orla há estrutura de bares/restaurantes, sorveteria e quiosques para venda de passeios. Lá também ficam atracadas duas embarcações típicas da época do início da navegação do rio (canoa de tolda). 

Prainha e embarcações históricas (canoa de tolda)

Depois de nossa caminhada, subimos os 387 degraus do Mirante Secular em direção ao hotel, debaixo de um sol absurdamente quente (não deixe de levar protetor solar, boné e tênis, e ande sempre com uma garrafinha de água).

Ao fundo, escadaria do Mirante Secular; à esquerda, Centro de Artesanato;
e à direita, Torre do Relógio

Mirante Secular

Seguimos, então, para a cidade de Canindé de São Francisco-SE, separada de Piranhas-AL pelo Rio São Francisco. O acesso é feito por uma ponte, que fica a poucos quilômetros do centro histórico de Piranhas. Poucos metros depois da ponte, há um centro de informações, onde também ficam as estátuas de Lampião e Maria Bonita. Há também uma barraquinha simples com lembrancinhas e degustação de cachaça. O vendedor, bastante simpático, disponibiliza gratuitamente acessórios de Lampião e Maria Bonita para tirar fotos.

Estátuas de Lampião, Maria Bonita e vaqueiro local

Dali seguimos para o passeio nos Cânions de Xingó – o quinto maior cânion navegável do mundo. O ponto de embarque e desembarque dos catamarãs que realizam o passeio (R$ 70,00 reais por pessoa) é o Bar e Restaurante Karranca’s, com saídas diárias, que fica na cidade de Canindé de São Francisco-SE. Hoje em dia também é possível fazer o passeio saindo de Piranhas, através do Restaurante Caboclo D’Água, mas, por enquanto, apenas nos finais de semana.

Bar e Restaurante Karranca's

Nosso passeio estava programado para ter início às 11:30h (diariamente), mas, dependendo da temporada, há mais horários de saída. As pessoas são chamadas por ordem de chegada, e assim vão se acomodando no catamarã. Todo percurso é feito ao som de música regional, explicações do guia e venda de petiscos e bebidas. Até os cânions, leva-se 1h. 

O catamarã cruza, em Alagoas, as cidades de Piranhas, Olho D´Água do Casado e Delmiro Goveia, e, em Sergipe, a cidade de Canindé de São Francisco. Apenas um trecho do passeio é realizado no leito natural do Rio São Francisco, pois a maior parte é na área que foi inundada com a construção da Usina Hidrelétrica de Xingó, que fez com que o rio passasse a ter mais de 150 metros de profundidade em alguns trechos. O passeio é lindo! A paisagem ao longo do rio é muito bonita, e quando chega-se aos cânions, mais ainda!

Pedra do Gavião - Cânions de Xingó

Rio São Francisco e cânions de Xingó

Rio São Francisco e cânions de Xingó

Gruta do Talhado - cânions de Xingó

O catamarã realiza uma parada na Gruta do Talhado, onde foi construído um deck flutuante no rio, sendo possível nadar numa área delimitada, e fazer um passeio de 8 minutos (R$ 5,00 reais por pessoa) em um barquinho que passa bem perto dos cânions.

Gruta do Talhado - cânions de Xingó

Gruta do Talhado - cânions de Xingó

Gruta do Talhado - cânions de Xingó

Gruta do Talhado - área delimitada para banho

No retorno, é servido um buffet no restaurante, pelo valor de R$ 30,00 reais por pessoa (bebidas não inclusas). O passeio para os cânions pode ser feito também em lanchas (R$100,00 por pessoa  - até 4 pessoas) e é possível fazer um voo panorâmico de helicóptero entre os cânions (R$180,00 reais por pessoa, até 3 pessoas), todos estes realizados também através do Bar e Restaurante Karranca’s. Antes do passeio, é possível contratar, no próprio local, os serviços da Click Canyon, pelo valor de R$ 40,00 por casal. Os fotógrafos tiram fotos ao longo de todo o passeio e disponibilizam em um CD.

Após o almoço, voltamos para Piranhas, e fomos assistir ao pôr do sol no Mirante Secular. A vista do mirante é realmente muito bonita, onde é possível ver toda a cidade histórica, o leito do rio, e as serras.

Pôr do sol visto do Mirante Secular

Jantamos no Restaurante Cachaçaria e Pizzaria Altemar Dutra (batata recheada, escondidinho de charque e pizza), que fica no centro histórico. Boa comida, e ótimo atendimento e preço. Há ambiente interno climatizado e mesas ao ar livre. A partir de quinta-feira há música ao vivo.

Na quarta-feira, após o café da manhã, seguimos para o passeio Rota do Cangaço (R$ 40,00 reais por pessoa), que sai da prainha de Piranhas às 08:45h, realizado pela empresa MF Tur.

Prainha de Piranhas - ao fundo, Centro Cultural, antigo armazém;
e, no alto, a Igreja Sr. do Bonfim

Todo o passeio é feito em um catamarã pelo leito natural do Rio São Francisco. A paisagem é encantadora. Nossa primeira parada foi em Entremontes, distrito de Piranhas, conhecida como a Capital do Bordado, onde a maioria das mulheres se dedicam à arte do bordado redendê. A comunidade é bem pequena (informaram que não há analfabetismo), e há várias casas que vendem lindos bordados a preços muito bons! Na praça principal fica a Igreja e a Cia de Bordados de Entremontes, que tem o apoio do SEBRAE, e também enviam encomendas pelos correios.

Rio São Francisco

Distrito de Entremontes - Piranhas/AL

No caminho para a praça principal, passamos por uma casa onde Dom Pedro II ficou hospedado uma noite quando passou na região. Segundo o guia, a cidade se chamava Armazém, mas após a passagem do imperador em 1859, passou a se chamar Entremontes, porque fica literalmente entre montes.

Depois desta rápida parada, seguimos no catamarã para o Cangaço Eco Parque, que fica em Poço Redondo-Sergipe, próximo a Canindé de São Francisco. O Cangaço Eco Parque possui um ambiente agradabilíssimo, muito bem estruturado e com funcionários muito simpáticos, alguns, inclusive, vestidos de cangaceiros. 

Fica às margens do rio, e dispõe de espreguiçadeiras, redes, árvores, restaurante, uma área delimitada do rio para tomar banho e, o mais importante, a trilha para a Grota do Angicos, local onde Lampião e seu bando foram mortos, pela polícia (volantes) de Piranhas, sob o comando do Ten. João Bezerra.

Cangaço Eco Parque

Cangaço Eco Parque

Cangaço Eco Parque

Assim que chegamos, fizemos nosso pedido do almoço (o local não aceita cartão de crédito),  porque já estaria pronto quando voltássemos, e seguimos para fazer a trilha, que tem o total de 3,5Km (ida e volta). É cansativa, com subidas e descidas, trechos com muitas pedras e um sol para cada pessoa (calor muito!), portanto, imprescindível ir de tênis, boné, e levar água. Mas vale cada metro. É possível observar a caatinga, o rio e, após 1.750Km de caminhada (ida), chega-se à Grota do Angicos, que fica na Fazenda Angicos, em Poço Redondo-SE. Lá, a guia explica um pouco sobre a história do Cangaço e fala sobre a trajetória e morte de Lampião, Maria Bonita e seu bando.

Trilha para a Grota do Angicos

Grota do Angicos

 Grota do Angicos

Quando retornamos, o almoço já estava pronto (peixe ao molho de camarão, pirão de peixe e arroz), mas ainda foi possível dar um mergulho no rio para refrescar antes. Ficamos ainda um tempo desfrutando do parque até a saída do catamarã de volta para Piranhas.

Há outra empresa que realiza o mesmo passeio, mas a trilha sai do Restaurante Angicos. Para quem não gosta de caminhar muito, a trilha deste é mais curta (750m).

Quando chegamos de volta ao Porto de Piranhas (prainha), seguimos de carro para o MAX – Museu de Arqueologia de Xingó (funciona de quarta a domingo, até as 16:30h, e a entrada custa R$ 3,00), que fica em Canindé de São Francisco. A visita é rápida, e há algumas curiosidades sobre os sítios arqueológicos que existiam na região antes da inundação para construção da Usina. 

Depois, fizemos o passeio para a Usina Hidrelétrica de Xingó (R$ 40,00 reais por carro), que sai do Centro de Visitação, em Piranhas, um pouco antes da ponte que dá acesso à cidade de Canindé de São Francisco. No local assistimos a um vídeo de poucos minutos, escutamos a explicação de um guia que nos mostrou uma maquete da usina, e depois seguimos de carro para a visita. Ao longo do percurso o guia fazia paradas para explicações e fotos.

Vista da Usina Hidrelétrica de Xingó

Usina Hidrelétrica de Xingó

À noite, jantamos no novo sushi do Restaurante Altemar Dutra. Caro, mas muito bom! Atendimento excelente.

Na quinta-feira, visitamos novamente o centro histórico de Piranhas: paramos no pórtico da cidade para foto, que é uma réplica da Torre do Relógio e, logo em seguida, na Praça onde fica a estátua do Padre Cícero; fomos até a Prefeitura, onde ficaram expostas as cabeças de Maria Bonita, Lampião e demais cangaceiros mortos; passamos pela Igreja Nossa Senhora da Saúde; avistamos, de longe (faltou coragem para subir), o mirante onde fica a Igreja Sr. do Bonfim; visitamos o Museu do Sertão (entrada R$ 2,00 reais por pessoa), onde há várias informações sobre a história do cangaço, fotos, recortes de jornais, bilhetes originais de Lampião e alguns objetos; e fomos também ao Centro de Artesanato (aberto de quarta a domingo).

Pórtico do centro histórico de Piranhas

Prefeitura de Piranhas - Palácio D. Pedro II

Centro de Artesanato

Mirante da Igreja Sr. do Bonfim

Museu do Sertão

Bem perto do Centro de Artesanato e do Museu do Sertão, há um Centro de Informação ao Turista, onde é possível pegar panfletos sobre a cidade, pousadas e passeios realizados na região. Ao lado do Museu do Sertão há uma loja de artesanato e também um caixa eletrônico do Banco do Brasil. A cidade é bem servida de mercadinhos.

Antes de retornarmos para Recife, almoçamos no Restaurante e Artesanato Flor de Cactus, que fica no Mirante Secular. Bom atendimento, comida e preço. Mas o melhor de tudo é a vista!

Muitos turistas costumam fazer um bate-volta a partir de Aracaju apenas para fazer o passeio de Catamarã nos Cânions, mas, após nossa experiência na cidade de Piranhas, recomendamos a hospedagem no lugar para conhecer um pouco da sua história e fazer também o passeio conhecido como Rota do Cangaço. Não deixe de visitar Piranhas! E se você tiver um pouquinho mais de tempo, a 280km de Piranhas, fica a cidade de Piaçabuçu-Alagoas, onde o Rio São Francisco “vai bater no meio do mar”.  ;)

                 

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